terça-feira, setembro 20, 2016

"FESTA DO ARREBENTA CABAÇO".

Festa irregular para adolescentes termina com apreensão de drogas e bebidas.

 Uma festa irregular destinada ao público adolescente foi descoberta pelo Conselho Tutelar de Maringá, na madrugada de domingo (15). Denominado como “Festa Tropical” ou mesmo “Festa do Arrebenta Cabaço” nas redes sociais, o evento reunia aproximadamente 250 menores de idade, em uma chácara de difícil acesso, na zona rural do município. Crack, maconha, narguiles, drogas sintéticas e bebidas alcoólicas foram apreendidas.

“Tivemos conhecimento da festa na última sexta-feira, quando o pai de uma adolescente estranhou uma das artes de divulgação e nos procurou”, conta o conselheiro tutelar, Vandré Fernando. “Os colegas de escola teriam convidado a garota de maneira insistente e, depois da resposta negativa, também a teriam ofendido. Eles procuravam meninas virgens para o evento”.

Os organizadores, no entanto, não tinham solicitado alvarás de funcionamento na Prefeitura de Maringá e no 5º Grupamento do Corpo de Bombeiros. A Vara da Infância e da Juventude também não possuía registro da festa.

Uma ação conjunta entre o Conselho, o setor de Fiscalização e as polícias Civil e Militar foi organizada para monitorar as informações do evento e descobrir o endereço da chácara. “Nós somente descobrimos que seria em uma área rural às 21 horas do sábado. Ou seja, uma hora depois do início”, pontua Vandré.

Segundo o conselheiro, cerca de 300 pessoas estavam no local, mas pelo menos a metade conseguiu fugir pulando cercas e invadindo propriedades vizinhas durante a aproximação das viaturas. “A chácara é equipada com bar, piscina e tanques para a criação de peixes.
Sem dúvidas, um cenário propício para a ocorrência de tragédias, já que drogas e bebidas eram consumidas e a chegada de ambulâncias levaria uma hora”, alerta.

Os policiais apreenderam os materiais ilícitos – entre eles, comprimidos de êxtase e LSD – e auxiliaram na atuação do Conselho Tutelar. Os pais e responsáveis pelos adolescentes foram avisados por telefone e tiveram de comparecer ao local.

“Bastante assustado, um casal relatou que, ao levar o filho na chácara, um rapaz se apresentou como o organizador do evento. Aos responsáveis, ele teria apresentado um freezer com gelo e embalagens de suco”, acrescenta Vandré. “Portanto, a pessoa ou o grupo por trás dessa festa tinha pleno conhecimento das irregularidades que cometia. Num segundo ambiente, sem disfarces e longe dos olhos dos pais, é que os narguiles e entorpecentes eram consumidos.”

A ação somente terminou por volta das 4h de domingo. Familiares dos menores compareceram à delegacia para registrar a ocorrência. As informações repassadas à polícia devem auxiliar na continuidade das investigações.

O proprietário da chácara foi autuado em cerca de R$ 5 mil. Se identificado e localizado, o suposto organizador da festa responderá criminalmente.

“É preciso cuidar dos jovens antes que tragédias aconteçam”

O alerta é do conselheiro tutelar de Maringá, Vandré Fernando, a respeito das festas em que adolescentes consomem bebidas alcoólicas e usam drogas. O órgão, segundo ele, não divulga todos os casos para evitar a exposição dos menores ou dos familiares, mas as ocorrências preocupam. Situações de violência sexual, acidentes e incidentes relacionados a esse tipo de evento já teriam sido registrados este ano.

“Os pais precisam parar de permitir que sejam enganados pelos filhos. Ou seja, a relação entre o adolescente e os responsáveis tem de ser estreita, pautada pelo diálogo e, principalmente, por conhecer as amizades e os locais que o filho frequenta. Legalmente, quem manda são os pais até os 18 anos de idade e, por isso mesmo, é necessária a imposição de limites”, avalia.

O Conselho Tutelar do município, segundo Vandré, estuda uma forma jurídica de processar os pais por negligência em casos que seja comprovado o consentimento com tais festas. “O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê liberdade e lazer, desde que sejam praticados em segurança, sem ônus à saúde física e psicológica. Portanto, fica o alerta também para o menor de idade: não queira e não se permita ir num lugar que não ofereça as mínimas condições de zelar pela própria vida”.

Proprietários de chácaras e organizadores – ou promotores – de eventos destinados ao público jovem também devem ficar atentos, de acordo com o conselheiro. “É dever do dono de espaço para locação ficar atento aos interessados. Quem organiza tem de solicitar alvarás de segurança e funcionamento. Estes são os procedimentos básicos, sem os quais as partes podem responder criminalmente”.

DENUNCIE
Denúncias e informações sobre eventos suspeitos podem ser repassadas de maneira anônima para o Conselho Tutelar de Maringá pelo telefone 3901-2276.

Tiago Mathias


Fonte: maringamais.com.br