Festa irregular para adolescentes termina com apreensão de drogas e bebidas.
Uma festa irregular destinada ao público
adolescente foi descoberta pelo Conselho Tutelar de Maringá, na
madrugada de domingo (15). Denominado como “Festa Tropical” ou mesmo
“Festa do Arrebenta Cabaço” nas redes sociais, o evento reunia
aproximadamente 250 menores de idade, em uma chácara de difícil acesso,
na zona rural do município. Crack, maconha, narguiles, drogas sintéticas
e bebidas alcoólicas foram apreendidas.
“Tivemos conhecimento da festa na última sexta-feira, quando o pai de
uma adolescente estranhou uma das artes de divulgação e nos procurou”,
conta o conselheiro tutelar, Vandré Fernando. “Os colegas de escola
teriam convidado a garota de maneira insistente e, depois da resposta
negativa, também a teriam ofendido. Eles procuravam meninas virgens para
o evento”.
Os organizadores, no entanto, não tinham solicitado alvarás de
funcionamento na Prefeitura de Maringá e no 5º Grupamento do Corpo de
Bombeiros. A Vara da Infância e da Juventude também não possuía registro
da festa.
Uma ação conjunta entre o Conselho, o setor de Fiscalização e as
polícias Civil e Militar foi organizada para monitorar as informações do
evento e descobrir o endereço da chácara. “Nós somente descobrimos que
seria em uma área rural às 21 horas do sábado. Ou seja, uma hora depois
do início”, pontua Vandré.
Segundo o conselheiro, cerca de 300 pessoas estavam no local, mas pelo
menos a metade conseguiu fugir pulando cercas e invadindo propriedades
vizinhas durante a aproximação das viaturas. “A chácara é equipada com
bar, piscina e tanques para a criação de peixes.
Sem dúvidas, um cenário propício para a ocorrência de tragédias, já que
drogas e bebidas eram consumidas e a chegada de ambulâncias levaria uma
hora”, alerta.
Os policiais apreenderam os materiais ilícitos – entre eles, comprimidos
de êxtase e LSD – e auxiliaram na atuação do Conselho Tutelar. Os pais e
responsáveis pelos adolescentes foram avisados por telefone e tiveram
de comparecer ao local.
“Bastante assustado, um casal relatou que, ao levar o filho na chácara,
um rapaz se apresentou como o organizador do evento. Aos responsáveis,
ele teria apresentado um freezer com gelo e embalagens de suco”,
acrescenta Vandré. “Portanto, a pessoa ou o grupo por trás dessa festa
tinha pleno conhecimento das irregularidades que cometia. Num segundo
ambiente, sem disfarces e longe dos olhos dos pais, é que os narguiles e
entorpecentes eram consumidos.”
A ação somente terminou por volta das 4h de domingo. Familiares dos
menores compareceram à delegacia para registrar a ocorrência. As
informações repassadas à polícia devem auxiliar na continuidade das
investigações.
O proprietário da chácara foi autuado em cerca de R$ 5 mil. Se
identificado e localizado, o suposto organizador da festa responderá
criminalmente.
“É preciso cuidar dos jovens antes que tragédias aconteçam”
O alerta é do conselheiro tutelar de Maringá, Vandré Fernando, a
respeito das festas em que adolescentes consomem bebidas alcoólicas e
usam drogas. O órgão, segundo ele, não divulga todos os casos para
evitar a exposição dos menores ou dos familiares, mas as ocorrências
preocupam. Situações de violência sexual, acidentes e incidentes
relacionados a esse tipo de evento já teriam sido registrados este ano.
“Os pais precisam parar de permitir que sejam enganados pelos filhos. Ou
seja, a relação entre o adolescente e os responsáveis tem de ser
estreita, pautada pelo diálogo e, principalmente, por conhecer as
amizades e os locais que o filho frequenta. Legalmente, quem manda são
os pais até os 18 anos de idade e, por isso mesmo, é necessária a
imposição de limites”, avalia.
O Conselho Tutelar do município, segundo Vandré, estuda uma forma
jurídica de processar os pais por negligência em casos que seja
comprovado o consentimento com tais festas. “O Estatuto da Criança e do
Adolescente prevê liberdade e lazer, desde que sejam praticados em
segurança, sem ônus à saúde física e psicológica. Portanto, fica o
alerta também para o menor de idade: não queira e não se permita ir num
lugar que não ofereça as mínimas condições de zelar pela própria vida”.
Proprietários de chácaras e organizadores – ou promotores – de eventos
destinados ao público jovem também devem ficar atentos, de acordo com o
conselheiro. “É dever do dono de espaço para locação ficar atento aos
interessados. Quem organiza tem de solicitar alvarás de segurança e
funcionamento. Estes são os procedimentos básicos, sem os quais as
partes podem responder criminalmente”.
DENUNCIE
Denúncias e informações sobre eventos suspeitos podem ser repassadas de
maneira anônima para o Conselho Tutelar de Maringá pelo telefone
3901-2276.
Tiago Mathias
Fonte: maringamais.com.br
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