Por: Lu Oliveira Professora, Blogueira e Escritora
Na
semana passada, estive no Colégio Anjos Custódios, em Marialva,
para ministrar a palestra “Educar: uma difícil e fascinante
missão”. A instituição preza pelo envolvimento da família no
processo de formação dos alunos e frequentemente oferece momentos
dessa natureza.
Quando
sou chamada para conversar com pais, minha fala está pautada na
experiência que tenho como educadora. Há 15 anos sou mãe e
professora. Não tenho a pretensão de oferecer à plateia fórmulas,
segredos ou receitas. Fórmula é para remédio, segredo, para cofre
e receita, para bolo de chocolate. Quem vende a ideia de que existem,
por exemplo, 10 passos para educar e oferece garantia de sucesso
está praticando charlatanismo. Cada realidade familiar é única.
Como ousar dizer “faça isso, aquilo ou aquilo outro e seus
problemas acabarão”? Não sou adepta de soluções Tabajara,
principalmente quando o assunto é a educação de uma criança ou de
um adolescente.
Costumo
deixar claro, logo no início de qualquer palestra, que possivelmente
meus ouvintes voltem para casa com mais perguntas que respostas. Há
inclusive um comercial na TV o qual diz que as perguntas é que movem
o mundo. Concordo. Respostas prontas podem até acalmar nosso
coração, mas a sensação é efêmera. Não tarda e percebemos que
aquela “verdade” não se encaixa em nossa história. Por isso,
como educadores, quanto mais nos inquietarmos, melhor. A reflexão e
a busca por respostas nos deixam sempre em alerta.
Mas
não culpo quem sinta necessidade de uma orientação. Vinda de um
profissional, de um livro, de um amigo. Muitos pais e mães, vez ou
outra, sentem-se perdidos e precisam de uma bússola. Ao não exercer
a autoridade que lhes cabe, perdem o controle da situação e, no
auge da crise familiar, pecam pelo excesso: protegem muito, cobram
muito, permitem muito. Mas educam pouco. E educar é mesmo uma
tarefa difícil, mas fascinante. Até sagrada.
Por
isso fico tão triste quando certas notícias vêm à tona. Há
poucos dias, o Conselho Tutelar de Maringá recebeu a informação de
que bebida alcoólica havia sido distribuída à vontade para menores
em uma festa de 15 anos. Infelizmente, a denúncia se confirmou e
isso é revoltante.
Imaginar
álcool em uma festa na qual também haja adultos não causa espanto.
Nessas situações, é de se esperar que sejam eles os responsáveis
por não permitir que a molecada se divida entre brigadeiros e copos
de cerveja. Entretanto, ao incluir voluntariamente a bebida
alcoólica no cardápio dos adolescentes, esses adultos provam não
entender a missão que lhes foi confiada. Esse (mau) exemplo só
ratifica minha tese sobre os órfãos de pais vivos: às vezes, a
presença paterna é mais nociva que a ausência.
De
forma absurdamente hipócrita, os mesmos que acham natural um menino
de 15 anos tomar vodca em uma festa serão aqueles que ficarão
comovidos e revoltados quando um motorista embriagado atropelar quem
estava esperando o ônibus na calçada. Ou talvez se digam de queixo
caído ao saber da moça que amanheceu na sarjeta depois da balada,
de tanto beber. “O mundo está perdido mesmo”. Conversa fiada. O
mundo está no mesmo lugar. Perdidas estão as pessoas.
As
propagandas de cerveja, além das mulheres bonitas e dos jovens
sempre em constante alegria, obrigatoriamente apresentam o slogan
“aprecie com moderação”, que é um belo eufemismo para “não
encha a cara”.
Eu nem
aprecio bebida alcoólica. No meu caso, essa frase precisaria vir na
embalagem de café. De qualquer forma, quando o assunto é educar,
bom mesmo é não ter moderação alguma. Quanto mais, melhor.
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